terça-feira, 1 de novembro de 2011

O eclipse da política

A decisão do Governo grego de consultar os cidadãos sobre o plano de resgate da dívida, recentemente aprovado em Bruxelas, causou mais uma onda de pânico nos mercados, com a bolsas a cairem a pique. Imediatamente, surgiram vozes contestando o referendo decretado pelo Executivo helénico.
É profundamente lamentável que o nervosismo dos investidores condicione as livres decisões de um governo democrático, limitando o seu soberano direito de auscultar o povo sobre uma questão deste melindre e relevância. Neste momento, os mercados estão a condicionar as decisões de governos e povos, pondo em causa a independência dos Estados. Não é aceitável que tal suceda. O poder económico - não eleito, não escrutinado - não pode condicionar desta forma o poder político democrático. É, pois, necessário que os governantes ponham cobro a esta insurgência. Se não é aceitável que o poder político condicione em demasia o poder económico, pondo em causa a liberdade de iniciativa, condição básica de criação de riqueza, também não parece legítimo que o poder económico cerceie o poder político, tornando-o refém dos seus interesses. É necessário, pois, restabelecer um equilíbrio entre ambos, por forma a evitarmos uma ditadura dos mercados, tão lesiva como a ditadura política.

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