sábado, 27 de agosto de 2011

Os ricos e os impostos

A blogosfera tem andado entretida com a questão da tributação das grandes fortunas. Desde o revanchismo social da esquerda, que exige o sangue dos ricos, até à sua vitimização, sustentada por blogues da direita soi disant liberal ( a direita de formação cristã tem uma posição diferente ), muito se tem escrito sobre o assunto.
No que respeita à tributação do património, discordo da medida. Os bens, móveis e imóveis, dos mais afortunados são já taxados, não sendo portanto justa uma dupla tributação. Quando um milionário compra uma viatura, uma casa ou uma jóia, paga os impostos respectivos, não se justificando que seja onerado novamente com uma contribuição.
Também não me parece correcto que se aumente a carga fiscal, pois neste momento esta situa-se já nos 46,5%, o que configura um saque ao contribuinte.
A solução passa, a meu ver, por dificultar a fuga ao fisco, já que infelizmente, como disse num post anterior, os milionários não parecem ter consciência da responsabilidade social da riqueza, procurando toda uma série de subterfúgios - que as leis, não por acaso, permitem - para se eximirem ao pagamento dos impostos sobre a totalidade do rendimento tributável. Trata-se pois de cercear o planeamento fiscal ( eufemismo usado para desginar a fuga ao fisco pelos mais abonados ) medida que, mais do que uma forma de aumentar receita, se impõe como imperativo moral, pois cada um deve pagar impostos em função do que realmente ganha e não do que diz ganhar.
Se assim se proceder, podemos não diminuir significamente o défice, mas teremos certamente uma sociedade mais equitativa e mais saudável. Haja coragem para o fazer.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

THE Royal Wedding



No próximo Sábado, na Friedenskirche em Potsdam, SAIR o Príncipe Georg Friedrich, chefe da Casa Real da Prússia, contrai matrimónio com SAS a Princesa Sophie de Isenburg. Fiel à tradição da sua família, que parece ser ainda seguida pela generalidade das famílias principescas germânicas, o Príncipe da Prússia escolheu para sua consorte uma mulher de sangue real, atitude vista certamente como bizarra nestes tempos igualitários e que, aliás, não é já seguida pela quase totalidade das casas reais europeias.
Naturalmente que a sua opção decorre, em parte, do facto de dois dos seus tios, que perderam os seus direitos dinásticos ao casarem com plebeias em favor do pai de Georg Friedrich - que morreu prematuramente em 1977 - terem posto em causa, em sede judicial, a legitimidade da herança de seu sobrinho, processo de que, diga-se, sairam vencidos. Em face disto, caso casasse também ele com uma pessoa de condição diferente da sua, poderia pôr em causa a posição que ocupa.
Mas, mais do que isso, a opção do Príncipe Imperial é, a meu ver, decorrente da consciência da responsabilidade histórica inerente à chefia de uma casa com os pergaminhos da sua. Entenderá o Príncipe - e bem - que a condição real, mais do que direitos e deferências, traz consigo deveres e um deles é a manutenção da dignidade e estabilidade da Casa Real prussiana que, governada por dois príncipes de sangue, educados ambos precisamente para servir as suas históricas famílias e o que elas representam, melhores garantias darão de que tal objectivo será cumprido.
Bem sei que este post será visto como reaccionário e incompreensível, mas a incompreensão, e até algum desprezo, é o preço que se paga por defender posições que não estão na moda e que contrariam as ideias vigentes. Pago esse preço com convicção.

Ainda sobre camelos e agulhas

French Millionaires: We Should Pay More Tax

Apesar da tradição galicana da laicité, os milionários franceses parecem estar preocupados com a sua entrada no Paraíso.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Camelos e agulhas

Segundo consta, as transferências de dinheiro para as offshores disparou em Portugal, ou seja, os que têm mais dinheiro, temendo um agravamento fiscal, puseram parte dos seus grandes pecúlios ao fresco, tentando escapar ao fisco. Detesto o discurso demagógico dos "ricos que paguem a crise", mas é triste assistir a este espectáculo de avareza.
Os detentores de fortunas têm um dever para com a comunidade que fez deles ricos, devendo participar, na medida da sua riqueza, no esforço comum de sanear as contas públicas, tornando, simultaneamente, menos pesado o descomunal fardo fiscal que a exangue classe média presentemente suporta. A ausência de noção de responsabilidade social da riqueza que revelam fazem deles meros gananciosos, logo imerecedores da fortuna que detêm.
Não é fácil dar o braço a torcer, mas começo a concordar com a passagem do Evangelho Segundo S. Mateus - que nunca me agradou - que diz que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que a um rico entrar no Céu.

domingo, 7 de agosto de 2011

Da hipocrisia

Há meninas a sofrer mutilação genital no Vale da Amoreira, a sul do Tejo

O que dizem a isto as associações de defesa dos direitos das mulheres, do género MDM e similares? Será que para estas instituições os direitos das mulheres se circunscrevem à liberalização do aborto? E o barco das senhoras holandesas - as Women on Waves - quando aportará em Lisboa? Ou será que, também para elas, o direito a abortar livremente é a única batalha que deve mobilizar as mulheres?

sábado, 6 de agosto de 2011

Impunidade

Fuga de informação na secreta vai para a PGR

Está, assim, garantido que ninguém será responsabilizado pela fuga de informação, pois a "Rainha de Inglaterra" nada fará para que tal aconteça, como é seu timbre.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Estupidez e demagogia

Médicos de emergência querem demissão do deputado que fez falsa chamada

Esta é a polémica mais estúpida e demagógica dos últimos tempos. De que outra forma poderia o deputado aferir a rapidez de resposta dos serviços de emergência médica?
Pelos vistos, há muito boa gente que não gosta de ser fiscalizada. Temos pena, mas caso não tenham dado por isso, é bom lembrar que vivemos em democracia desde 1976 e que ninguém está acima do escrutínio e da avaliação do seu desempenho. Nem os senhores doutores.

Um (raríssimo) post à esquerda

Jerónimo Martins alimenta e apoia 1100 funcionários durante 2012

Não sei, mas não seria mais lógico pagar-lhes salários mais altos?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ersatz



Definitivamente, Rodrigo Moita de Deus quer ser o Boris Johnson português, transmitindo a imagem do conservador do Séc. XXI, tendencialmente tradicional nos valores, mas irreverente no estilo. A manchete do I é demonstrativa do esforço. Além da farta cabeleira loura, só lhe falta concorrer à presidência da câmara da capital... e, claro, comer muito pãozinho com côdea, pois está muito longe do wit e do talentoso sense of humour do mayor de Londres.