segunda-feira, 30 de abril de 2012

Ainda acerca da caçada do Rei de Espanha

As críticas feitas ao Rei Juan Carlos a propósito da sua participação num safari são movidas por um de dois motivos: ou ignorância ou má fé. Ignorância porque a caçada a animais em reservas naturais é condição de sobrevivência destas. Desde logo porque as receitas obtidas com as caçadas são indispensáveis para a sua manutenção, pois os países em cujos territórios se situam muitas vezes não têm recursos para o fazer. Por outro lado, a existência de reservas naturais serve precisamente para evitar a caça furtiva que, essa sim, é responsável pela dizimação de várias espécies animais. Mas a caça não se justifica apenas por razões financeiras. Em espaços protegidos, a população de espécies sem predadores naturais – de que os elefantes são exemplo – tem que ser controlada, sendo a actividade cinegética – devidamente controlada e regulamentada - uma forma de manter a população destas espécies em número razoável, por forma a não pôr em risco o equilíbrio ecológico. Posto isto, e se os críticos do Rei o não ignoram, os seus comentários só podem compreender-se à luz da má fé. De facto, quer-me parecer que não é o abate de elefantes que os move, mas o desejo de verem cair a monarquia. Se, de facto, é isso que pretendem – e suspeito bem que sim – tenham pelo menos a decência de municiar as suas armas políticas com argumentos menos mesquinhos.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Viva El Rey!



Dizia Talleyrand, sobre os Bourbons de antanho, que “não aprenderam nada”. O pedido de desculpas do Rei Juan Carlos aos espanhóis pela sua viagem ao Botswana para participar numa extravagante caçada, que indignou muitos numa Espanha a braços com uma grave crise, é bem o sinal de que a realeza sabe adaptar-se aos novos tempos e aos deveres que lhe são exigidos. Consciente de que numa democracia - de que Juan Carlos de Bourbon tem sido um corajoso defensor - nenhuma instituição está acima da crítica e do constante escrutínio do povo, o Rei de Espanha mostrou verdadeira nobreza e humildade, ao retractar-se publicamente, de viva voz. De facto, porque a nobreza não se avalia tanto pelos brasões e apelidos, mas sobretudo pela verticalidade da conduta, o descendente de Hugo Capeto mostrou-se digno da ilustríssima família a que pertence, revelando uma dignidade de carácter assinalável e, há que dizê-lo também, um agudo e pragmático sentido político.
Em face deste acto, apetece bradar Viva El Rey!