domingo, 24 de junho de 2012

Precedências

A lista de  precedências da Família Real inglesa foi recentemente revista pela Rainha Isabel II para nela integrar o seu mais recente membro, a Duquesa de Cambridge. Estes preceitos protocolares parecem, nos tempos igualitários em que vivemos, uma bizantinice anacrónica e incompreensível aos olhos da maioria.
Não encaro a questão assim. Em primeiro lugar - numa perspectiva algo romântica, admito, mas nem por isso menos legítima – considero o que o anacronismo tem o seu encanto, ao evocar uma sociedade que não existe mais, com uma linguagem simbólica muito própria, subtil e galante.
Por outro lado, a existência destes preceitos protocolares assume maior importância se encarados enquanto representação de dois valores que entendo tanto mais relevantes quanto mais vilipendiados têm sido: a tradição e a continuidade. A Monarquia é uma representação viva e actuante da História, garante um continuum entre o passado e o presente, é por assim dizer, uma presentificação do passado. Por outro lado, no caso concreto das precedências, estas remetem para uma ideia de estabilidade e permanência. Numa sociedade em constante e acelerada mutação, a existência de preceitos perenes transmite uma confortável sensação de segurança: cada um sabe qual o seu lugar e o que esperar dos outros. Numa analogia teatral, que aqui parece fazer todo o sentido, todos têm uma marcação bem definida no palco social, não há lugar à improvisação, à imprevisibilidade. É reconfortante saber que algumas coisas não mudam num mundo – como dizia Camões - composto de mudança e que constantemente assume novas qualidades.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sentimento nacional



As imagens de entusiasmo e alegria que marcam os grandes acontecimentos da Monarquia britânica causam-me sempre uma certa frustração e – porque não dizê-lo – uma ponta de inveja. De facto, a Coroa assumiu desde os tempos da Rainha Vitória a representação da identidade nacional, do espírito de comunidade que une os falantes da língua inglesa – mesmo, até certo ponto, os norte-americanos -, que partilham uma história e uma cultura comuns. Este cimento que mantém unidos milhões de seres humanos de continentes, etnias, religiões, extractos económicos e sociais diversos, é uma mais-valia preciosa.
O sentimento de pertença a uma entidade que nos transcende  - que já existia quando nascemos e que perdurará após a nossa morte – e que cria laços com os nossos vizinhos, é fundamental para os combates com que colectivamente nos defrontamos. Uma nação cujos membros não sintam vínculos entre si mais não é, pois, que um agregado de indivíduos, cada um preocupado apenas consigo o que, sobretudo em momentos de crise – que exigem sacrifício e solidariedade – torna particularmente difícil a sua superação.
Em Portugal, infelizmente, nenhuma instituição desempenha semelhante função congregadora. O nosso país não tem uma mitologia nacional estruturada, consequência não apenas da ausência de cultura cívica da população, mas também dos complexos pós-25 de Abril que, estupidamente, associaram qualquer forma de nacionalismo ao Estado Novo. Por isso, e com grande pena minha, jamais poderemos assistir a eventos como os que tiveram lugar no Reino Unido nos últimos dias nem, temo bem, conseguiremos sair por meios próprios da crise em que todos os dias mergulhamos um pouco mais.

sábado, 2 de junho de 2012

God save The Queen!


“The Lady whom we respect because she is our Queen. and whom we love because she is herself”
Sir Winston Churchill

"All my life and for the lives of most people in this country she has always been there for us. Always dedicated, always resolute and always respected. She is a source of wisdom and continuity"
David Cameron