sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Passos é um caturra, 'tá a ver?



O Estado português vendeu a sua participação na EDP a uma empresa pertencente ao Estado chinês e chama a isto privatização. Este Governo é só rir, sei lá.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Da cretinice

MP Faces Criminal Inquiry Over 'Nazi' Stag Do

Sir Winston Churchill deve estar a dar voltas no túmulo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Passos perdido



São lamentáveis as palavras do primeiro-ministro a respeito dos professores desempregados, recomendando que emigrem. É bem verdade que o futuro do país não é radioso, mas a proposta do chefe do Governo – e Passos Coelho tem que ter consciência que não é um cidadão qualquer e que fala à nação e não com os amigos no café – assume-se como o reconhecimento da inviabilidade do país, um baixar de braços que não é admissível em quem tem precisamente a obrigação de tudo fazer para solucionar os problemas nacionais. Se o primeiro-ministro entende que os seus compatriotas não têm lugar no futuro deste país, o que faz então na chefia do Governo? Está no cargo apenas para pagar aos credores e depois fechar a loja? É absurdo!
Além do mais, Portugal não se pode dar ao luxo de dispensar mão-de-obra especializada e em idade activa. Não podemos modernizar a economia sem gente e, sobretudo, sem gente com formação superior. Por outro lado, esta sangria de população compromete a viabilidade do próprio Estado, pois quanto menos trabalhadores houver, menos serão os impostos e as contribuições pagos para a segurança social.
Não precisamos de vendedores de banha da cobra como Sócrates, que prometia um futuro radioso para todos, mas não podemos aceitar que um primeiro-ministro ice a bandeira branca e desista de lutar pela viabilidade do país que assumuiu o encargo de governar. No início da II Guerra Mundial, Churchill prometeu aos seus compatriotas sangue, suor e lágrimas, mas como preço a pagar pela continuidade das velhas liberdades inglesas e o aniquilamento das insanas ambições nazis, ou seja, os sacrifícios então pedidos pelo ilustre estadista eram o penhor de um futuro tão bom ou, se possível, melhor que o passado. Passos, pelo contrário, oferece sacrifícios ao mesmo tempo que exorta à desistência. Um autêntico contra-senso! Assim, senhor primeiro-ministro, não vamos longe.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Splendid isolation



A decisão britânica de vetar a revisão do Tratado de Lisboa tem sérias consequências para o futuro da União. Desde logo porque cava mais um fosso no princípio de unidade da Europa, que já havia, para todos os efeitos, sido posto em causa pela moeda única, adoptada por apenas 17 dos 27 Estados membros da UE.
Por outro lado, ao colocar-se de fora do acordo intergovernamental, o Reino Unido perde não apenas a capacidade de intervir em defesa dos seus interesses económicos, mas também a possibilidade de evitar a reemergência de uma potência hegemónica no Velho Continente, algo que os britânicos – com toda a razão – sempre procuraram evitar através de uma política pragmática de divide and rule, até agora tão cara aos conservadores.
Mas não serão apenas os britânicos que perdem com esta decisão. Também os pequenos países, como Portugal, serão afectados com este afastamento. O Reino Unido, com o seu proverbial europeísmo relutante, sempre foi um freio às derivas federalistas, dando expressão aos receios dos Estados de menor dimensão, cuja voz não é ouvida na União. Sem o travão da Velha Albion, está aberto o caminho para a federalização da Europa, que engolirá os pequenos Estados, sobretudo os mais fragilizados, condenados à subalternidade face aos interesses do eixo franco-alemão.
Cameron errou e todos perdemos com isso.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Do miserabilismo



É particularmente irritante o discurso depressivo-conformista que tomou conta do espaço público neste país. Todos os dias somos bombardeados dezenas de vezes com as palavras crise, austeridade, pobreza. A comunicação social parece padecer de uma monomania, tudo serve de pretexto para falar da crise, os programas de televisão ensinam-nos a poupar no vestuário, nas férias, a regrar as contas domésticas, a cozinhar pratos módicos; a publicidade também não escapa à tendência, divulgando produtos com desconto, cabazes de compras, tudo supostamente destinado a amenizar os efeitos da austeridade nas bolsas das famílias.
Reabilitámos, portanto, a imagem salazarista do povo pobrezinho e resignado com a sua condição. Aceitamos a miséria, pronto, é a vida. Acresce que, além de termos que acatar com passividade bovina a pobreza, temos também que estar tristes e deprimidos. Diariamente aparecem histórias de famílias insolventes, do crescente recurso às ajudas sociais, do aumento do consumo de anti-depressivos. Ao menos, no tempo de Salazar – com proverbial hipocrisia, é certo – falava-se da pobreza alegre – “pobrete mas alegrete” dizia o povo – do pão e vinho sobre a mesa, o bastante para uma felicidade modesta.
Não iremos longe se persistirmos nesta obcessão colectiva. A crise existe, é grave, é para levar a sério, sentimo-la diariamente. Temos menos dinheiro, é certo, não podemos pagar extravagâncias, sabemo-lo bem, mas não é carpindo mágoas que damos a volta a isto. Confesso-me cansado do rosário de penas que desfiamos diariamente nesta ladaínha colectiva. Admito, porém, que de toda esta pretensa pedagogia sobre a crise, retive uma lição, que aplico disciplinadamente: poupo na electricidade não vendo televisão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Acerca dos feriados



A decisão do Governo de suprimir os feriados de 5 de Outubro e 1 de Dezembro parece ser a mais razoável e equilibrada, evitando querelas sectárias. Ao optar por retirar o estatuto de feriado a estas duas datas históricas, monárquicos e republicanos são tratados por igual, pois se para os primeiros o dia 5 de Outubro é, por razões óbvias, um dia festivo, o 1 de Dezembro, evocando embora a data da restauração da independência - um evento transversal que poderá ser comemorado por todos -tornou-se, com o tempo, no dia em que os monárquicos prestam homenagem à instituição real e à dinastia então fundada.
A supressão do 25 de Abril seria mais problemática, pois é a data tida como fundadora do actual regime ( embora o 25 de Novembro me parecesse um dia mais adequado para tal comemoração, mas isso digo eu, assumido "reaccionário" ), mas também porque está mais próxima temporalmente, fazendo ainda parte da memória colectiva, o que não sucede com os feriados referidos acima, que a fraca consciência histórica dos portugueses ( e, no caso do 5 de Outubro, por nunca ter tido forte adesão popular, ou não fosse o militantismo republicano um fenómeno muito localizado geográfica e sociologicamente ) acabou por condenar à irrelevância das cerimónias oficiais.
Acresce que a supressão deste feriado geraria a proverbial berraria da esquerda, a chamar fascista a toda a gente, ao ver-se privada da sua festividade dilecta, na qual evoca o socialismo que ( felizmente ) não houve, ainda por cima por iniciativa de um governo de direita, berraria que o fim do 1º de Maio suscitaria também. No caso deste último, há ainda que ter em conta que é um feriado internacional, comemorado em numerosos países. Assim, parece inevitável que se mantenham, a bem dos nossos tímpanos.
No que ao 10 de Junho diz respeito, creio que é um feriado a manter, pois é o dia nacional, festividade observada na generalidade dos países.
Resta o Carnaval. Confesso que não simpatizo com a quadra, mas num país em "estado de circo" possivelmente faz sentido não deixar passar a data em branco.

sábado, 12 de novembro de 2011

Política precisa-se!

É bem verdade, todos o sabemos, que o país está falido e que teremos que alterar o nosso modo de vida, sustentado durante anos com empréstimos que nos asseguraram uma prosperidade temporária e ilusória. Assim sendo, a austeridade que nos é imposta é uma necessidade. Porém, o Governo está a tomar decisões de uma forma cega, pouco criteriosa, aparentemente indiferente às suas consequências. O efeito acumulado das medidas adoptadas ( diminuição de salários, aumento de impostos directos e indirectos, aumentos nos transportes públicos, supressão de regalias sociais ) terá um efeito brutal na vida de muitas famílias que têm a insolvência como destino assegurado. A imposição de restrições não pode ser feita de forma aleatória, como aparentemente tem sido. As contas podem bater certas, matematicamente tudo pode estar certíssimo, mas quem tem a responsabilidade do governo de um país tem que ter em conta os impactos das decisões que toma na vida concreta das pessoas. Uma governação de gabinete, puramente tecnocrática, afastada dos cidadãos, pode, portanto, causar danos graves no tecido social. A governança exige, naturalmente, rigor técnico para ser competente mas requer, igualmente, uma dimensão política, para que se não torne desumana.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ligações perigosas

A Igreja de Inglaterra tem vivido dias conturbados por causa dos manifestantes acampados no largo fronteiro à Catedral de S. Paulo. A presença dos "indignados" ingleses junto do templo tem comprometido o seu normal funcionamento, o que levou as autoridades eclesiásticas, depois de amplas discussões e algumas demissões de permeio, a solicitarem uma providência cautelar, pedido que, entretanto, face à cizânia que causou entre os membros da Igreja, foi suspenso.
Não parece sensata a proximidade - não assumida, mas perfeitamente evidente - de alguns religiosos anglicanos com os manifestantes. Embora existam fundadas razões morais para condenar os excessos do capitalismo, não há, todavia, motivo para a simpatia com que vários sacerdotes olham para os manifestantes, pois o que move estes últimos é o ódio não apenas ao capitalismo, mas a todo o sistema político, económico e social, de que a própria Igreja Anglicana faz parte. A maioria destes são anarquistas e radicais de esquerda, que detestam o capitalismo tanto quanto odeiam a Monarquia, o Governo, o Parlamento ou a Igreja. Se tivessem poder para tal, os campistas de St. Paul de bom grado mandariam o Arcebispo de Cantuária para a companhia do senhor Madoff. Não caia a Igreja de Inglaterra na tentação de se enamorar dos manifestantes, pois deles receberá apenas um beijo de Judas.

O eclipse da política

A decisão do Governo grego de consultar os cidadãos sobre o plano de resgate da dívida, recentemente aprovado em Bruxelas, causou mais uma onda de pânico nos mercados, com a bolsas a cairem a pique. Imediatamente, surgiram vozes contestando o referendo decretado pelo Executivo helénico.
É profundamente lamentável que o nervosismo dos investidores condicione as livres decisões de um governo democrático, limitando o seu soberano direito de auscultar o povo sobre uma questão deste melindre e relevância. Neste momento, os mercados estão a condicionar as decisões de governos e povos, pondo em causa a independência dos Estados. Não é aceitável que tal suceda. O poder económico - não eleito, não escrutinado - não pode condicionar desta forma o poder político democrático. É, pois, necessário que os governantes ponham cobro a esta insurgência. Se não é aceitável que o poder político condicione em demasia o poder económico, pondo em causa a liberdade de iniciativa, condição básica de criação de riqueza, também não parece legítimo que o poder económico cerceie o poder político, tornando-o refém dos seus interesses. É necessário, pois, restabelecer um equilíbrio entre ambos, por forma a evitarmos uma ditadura dos mercados, tão lesiva como a ditadura política.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Luxos



Uma escola de Tomar gastou a módica quantia de 20 mil euros na compra de doze candeeiros assinados por Siza Vieira.
O país desperdiça dinheiro com luxos incompreensíveis e depois a culpa é da senhora Merkel. Tenham juízo!

PS: Já agora, não pode a Parque Escolar financiar-me a aquisição do candelabro constante da imagem? Ficava muito bem cá em casa

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A ilusão consumista



Confesso que fiquei pasmado com o ridiculíssimo espectáculo de apresentação de um novo modelo da Nokia - o Lumia 800, salvo erro. A cena assemelha-se em tudo às sessões de uma seita religiosa: um dos membros da empresa, num palco, entra numa espécie de êxtase místico para gáudio de uma plateia ululante que aplaude com entusiasmo pateta a apresentação do telemóvel como se de um milagre ou de uma revelação divina se tratasse.
Este lamentável episódio sintetiza bem os tempos que correm: o endeusamento da tecnologia, alimentado pelas necessidades artificiais que a sociedade de consumo, através de uma publicidade agressiva, cria nas pessoas, que se pensam mais felizes por possuirem o mais recente modelo de telemóvel, o carro topo de gama ou o computador com mais gigas. Como bem refere Rob Riemen no seu livro Nobreza de Espírito. Um Ideal Esquecido - cuja leitura recomendo vivamente - "os meios de comunicação de massas e a economia social-capitalista, proclamam as virtudes do que é novo, veloz e progressista - tudo ao nível dos bens de consumo - e depois oferecem-nos a liberdade de sermos felizes com as nossas maquinetas."
Em suma, procuramos na tecnologia e nos gadgets o ersatz das coisas que realmente importam, mas de cujo alcance - por exigir esforço, sacrifício, abnegação - desistimos, procurando, em vez disso, uma falsa felicidade, de fácil acesso, que se compra em supermercados e centros comerciais, mas que nos desqualifica enquanto humanos.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Do oportunismo

Uma parte do grupo parlamentar conservador britânico está a pressionar o primeiro ministro Cameron para realizar um referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE.
É histórico, e em larga medida justificado, o cepticismo britânico em relação ao Continente: sempre que uma potência europeia assumiu uma posição hegemónica, as ilhas britânicas foram ameaçadas pela sua ambição. Foi assim com a Espanha de Filipe II, com a França de Napoleão e com a Alemanha de Hitler, felizmente sempre travados pelas admiráveis resiliência e combatividade dos súbditos de Sua Majestade.
A adesão do Reino Unido à então CEE foi relativamente tardia, em parte pela oposição de De Gaulle, mas também pelo pouco entusiasmo dos ingleses em relação a uma integração europeia que alguns ideólogos mais entusiastas pretendiam tivesse como finalidade a constituição de uma federação de Estados, projecto de todo contrário aos interesses britânicos – que sempre privilegiaram a relação com os países da Commonwealth e com os Estados Unidos – e aos seus já referidos temores em relação a possíveis novas tentações das potências continentais. Todavia, há já cerca de quatro décadas que pertence à União, de cuja pertença certamente beneficiou em termos económicos, pertença essa que se assume tanto mais pertinente quanto o projecto europeu abrange cada vez mais países, além de representar os valores da liberdade, do império da lei e do escrupuloso respeito pelos direitos humanos, património ético de que o Reino Unido é pioneiro e que partilha com os demais Estados da União.
Parece portanto puramente oportunista este movimento em defesa de um referendo, procurando beneficiar da crise que a UE presentemente vive. É uma atitude pouco digna do Partido Conservador e do seu passado, pois foi um primeiro ministro conservador – Winston Churchill – que conduziu as forças armadas britânicas para o Continente, liderando a resistência europeia ao domínio nazi, cujo projecto insano pretendia aniquilar política e civilizacionalmente a Europa.

domingo, 23 de outubro de 2011

Onde é que estava nos governos Sócrates?



Vasco Lourenço, com a incontinência verbal que lhe é peculiar, profetiza uma insurreição popular à qual, em seu entender, se devem solidarizar os militares, numa espécie de aliança Povo/MFA revisitada.
Embora pudessem configurar um apelo à revolta contra as instituições vigentes, estas declarações, vindas de quem vêm, não são para levar a sério. Porém, pergunto, porque razão não fez o capitão de Abril semelhantes ameaças durante os governos de José Sócrates, em grande medida responsáveis pela falência do país?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Contrato

A supressão dos subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos e pensionistas constitui uma violação da lealdade a que o Estado está obrigado para com os cidadãos abrangidos por esta medida. Ao alterar de forma unilateral, sem consulta e anuência da outra parte contratante o contrato estabelecido com os cidadãos, o Estado comporta-se de forma autoritária e arbitrária, desrespeitando a palavra dada. Ora um Estado que não respeita compromissos, não merece credibilidade. Que autoridade terá, a partir de agora, para exigir o cumprimento da lei? O Estado, no regime em que vivemos - democrático, também ele de base contratual - tem forçosamente, para exercer a autoridade, que ter moral para o fazer, moral que só adquire por força do cumprimento da lei de que ele próprio é autor e dos acordos que estabeleceu com os cidadãos. Se o não fizer, também os cidadãos se poderão eximir a essa autoridade, resultando daqui o caos.
Tenha, pois, senhor Primeiro Ministro muita atenção ao que está a fazer.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um regime ligado à máquina

A vitalidade dos regimes políticos mede-se pela capacidade que têm de se adaptarem a novas circunstâncias. Se os atavismos e os vícios gerados pelos interesses e pelo comodismo o impedem, o regime acaba por morrer.
Assim foi com a Monarquia Constitucional, falida e desacreditada por um sistema rotativo corrupto de que se não conseguiu libertar; assim foi também com a I República, instável, violenta e frustrante ( para quem nela acreditou, entenda-se ) que não só não melhorou a situação financeira herdada da Monarquia, como não assegurou um sistema político viável; e assim foi com o duradouro Estado Novo, um anacronismo desde o fim da II Guerra Mundial, que morreu às mãos de uma guerra quixotesca que Salazar empreendeu julgando ver nela o derradeiro fôlego de um regime que mostrava evidentes sinais de senectude.
Quanto ao regime instaurado com a Constituição de 1976, passa-se o mesmo: a incapacidade de reforma dos sistemas político e administrativo, da justiça e dos sectores sociais e de modernização do tecido económico, consequência da intrincada rede de interesses e dependências que este Estado mastodôntico teceu ao longo destas três décadas e meia - que envolve na sua apertada malha tanto o sector público, como o privado - está a condená-lo.
Não sabemos o que virá, o que sabemos - e os factos demonstram-no a cada dia de forma mais clara - é que as coisas não podem ficar na mesma, pois não podemos viver num regime cadáver.

PREC II

Como é possível que numa democracia consolidada tenhamos uma situação recessiva semelhante à de 1975, ano em que estavam em curso a revolução, a descolonização, as nacionalizações e a reforma agrária?
Como puderam sucessivos governos estáveis, com mínima contestação social, causar os mesmos danos que os governos provisórios do peculiar general Vasco Gonçalves e a tropa fandanga do MFA?
Faço minhas as palavras de SAR o Duque de Bragança: “alguém tem de ir para a prisão porque o país foi assaltado, roubado, violentado”

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Da loucura



Dizia Shakespeare que a loucura dos grandes deve ser vigiada. Não o foi nos últimos seis anos e o resultado está à vista.

O país real

No Forte Apache

Concordo

JSD quer “responsabilizar criminalmente” Sócrates pela situação do país

Aliás, se tal não for feito (e estou certo que não será) só nos resta declarar o regime cadáver. Que descanse em paz.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Falou e disse



"Existem pessoas que deviam estar no banco dos réus e estão na Assembleia a justificar o injustificável..e o Procurador está espera do quê..? O Tribunal de Contas não o informou atempadamente…?”

“E ainda temos políticos a receber reformas douradas pelo mau trabalho prestado ao país… E ainda temos deputados a usar o erário público com suplementos para tudo e mais alguma coisa… E ainda temos gestores públicos que arruínam empresas e ganham prémios de produtividade… E ainda temos parcerias privadas que sugam dinheiros públicos…”

Percebo pouco de leis...

... mas creio que a proposta de Orçamento de Estado para 2012 contém várias inconstitucionalidades

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Deve ser do aquecimento global

Em Portugal, o Outono confunde-se com o Verão, já no mundo árabe, a muito falada Primavera parece estar a tornar-se invernosa.

domingo, 9 de outubro de 2011

A Colecção do Comendador Berardo

Está em discussão a avaliação da Colecção Berardo pela Sotheby's, cujo valor apurado em 2006 pela leiloeira Christie's, era de 316 milhões de Euros. Independentemente da pertinência de uma nova avaliação, a questão que se devia colocar era a da conveniência da compra pelo Estado deste acervo. Se a nova avaliação se aproximar do valor referido ( e é possível que o supere, pois o mercado da arte está em expansão com a entrada de novos e muito endinheirados investidores, oriundos dos países emergentes, sendo sistematicamente quebrados recordes nos valores atingidos quer em leilões, quer em vendas directas ) a compra é, no mínimo insensata. Se tivermos em conta que o orçamento do Ministério da Cultura em 2011 foi de 215,5 milhões de Euros, a compra da colecção implicará um investimento - por parte de um Estado falido, lembre-se - correspondente a cerca de 150% da dotação orçamental para a Cultura. Com tantas carências neste sector, sempre remetido por uma elite política pouco culta à condição de parente pobre, fará sentido esta aquisição? Mais: se tivermos em conta que as transferências do Estado para a Fundação Berardo, entre 2007 e 2010, foi de 26,5 milhões de Euros ( seria interessante saber como foi aplicado este dinheiro ), como poderá o Estado assegurar a manutenção desta colecção que, pelos vistos, requer recursos desta monta? Quantos monumentos e imóveis de interesse público poderiam ser restaurados com cerca de 300 milhões de euros? Quantas temporadas dos teatros nacionais poderiam ser asseguradas com semelhante verba? E deverá o espaço expositivo do CCB manter-se como casa para este espólio, tendo em conta que a sua finalidade original era a de albergar exposições temporárias?
Não me sinto competente para aquilatar a relevância da Colecção Berardo, porém - sobretudo no presente contexto de miséria em que vivemos - a sua compra não me parece razoável.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Felicitações...



... à Excelentíssima Senhora Dona María del Rosario Cayetana Paloma Alfonsa Victoria Eugenia Fernanda Teresa Francisca de Paula Lourdes Antonia Josefa Fausta Rita Castor Dorotea Santa Esperanza Fitz-James Stuart de Silva Falcó y Gurtubay, duquesa de Alba y de Berwick; de Montoro, de Liria y Jérica, de Arjona, de Híjar, condesa-duquesa de Olivares, marquesa de San Vicente del Barco, de El Carpio, de Coria, de Eliache, de la Mota, de San Leonardo, de Sarria, de Villanueva del Rio, de Tarazona, de Villanueva del Fresno, de Barcarrota, de la Algaba, de Osera, de Moya, de Almenara, de Valdunquillo y de Mirallo, condesa de Lemos, de Lerín, condestable de Navarra, de Monterrey, de Osorno, de Miranda del Castañar, de Palma del Rio, de Aranda, de Salvatierra, de Andrade, de Ayala, de Fuentes de Valdepero, de Gelves de Villalba, de san Esteban de Gormaz, de Fuentidueña, de Casarrubios del Monte, de Galve, de Santa Cruz de la Sierra y Ribadeo , vizcondesa de la Calzada, marquesa de Oraní... ufa!!!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Assim não, Prof. Crato!

A decisão do Ministério da Educação de suspender a atribuição de prémios pecuniários aos melhores alunos das escolas secundárias é lamentável, não só porque os valores envolvidos não são relevantes, mas também - e sobretudo - pela mensagem negativa que transmite. Com efeito, estes prémios destinam-se a promover o mérito, o esforço e o trabalho, contrariando a cretina retórica igualitária que aboliu os quadros de honra, considerados pelos pedagogos de esquerda que tomaram de assalto o sector educativo depois do 25 de Abril, um factor de descriminação.
A decisão é, pois, injusta e injustificável, sobretudo porque tomada por um Governo de centro direita, supostamente defensor do trabalho árduo e sem complexos ideológicos quando se impõe tratar diferentemente o que não é igual.
Particularmente graves são também as circunstâncias em que se deu a suspensão do pagamento dos prémios; ao fazê-lo apenas dois dias antes da sua entrega, o Governo deu um péssimo exemplo à comunidade estudantil, transmitindo a ideia de que os compromissos, a palavra dada, de pouco ou nada valem, podendo ser arbitrária e subitamente alterados. O Estado, que devia ser um modelo de probidade e de sentido ético, dá de si a imagem oposta, o que torna esta decisão errada ainda mais lastimável.
Razão tem o melhor estudante da Escola Alves Martins, de Viseu, Miguel Saraiva, quando diz «Lamento a atitude do Governo e faço votos para que, no final do ano, os prémios dos gestores públicos de milhões de euros também sejam suspensos e possamos todos ajudar Portugal». Só por estas palavras, o jovem merecia mais um prémio.

domingo, 25 de setembro de 2011

Afición



Hoje foi um dia triste para todos os aficionados, entre os quais me incluo, pois teve lugar a última corrida de touros na Catalunha por força da lei que proibe o espectáculo a partir de Janeiro do próximo ano. Venceu a intolerância politicamente correcta e o nacionalismo agressivo de alguns políticos catalães, que consideram as corridas uma expressão da cultura espanhola, logo um alvo a abater. Porém, esta é uma vitória pírrica; nem a afición nem a unidade do Reino de Espanha serão postas em causa por estes gestos autoritários de minorias extremistas. Vivan los toros! Viva España!

Posso estar enganado, mas...

Secretas. Identificado funcionário da Optimus por fuga de informação

...temo bem que, no fim deste processo, o funcionário da Optimus - o elo mais fraco desta cadeia - será o único a responder criminalmente pela vigilância pidesca de que foi alvo o jornalista do Público.
Se assim for, melhor será pôr este sítio à venda, na esperança - porventura vã - de que alguém o queira comprar.

sábado, 24 de setembro de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A contradição de Jardim



Alberto João Jardim é um dos poucos políticos que tem criticado abertamente a doutrinária Constituição de 1976, que quase toda a gente aceita com passividade bovina. Extensa, ideologicamente orientada, nunca referendada pelos portugueses, a Lei Fundamental define um modelo de sociedade baseado numa filosofia estatista que impõe inconcebíveis limites à liberdade de escolha dos cidadãos, permitindo e incentivando a intervenção do Estado em todos os domínios da vida social.
Todavia, o Presidente do Governo Regional da Madeira tem sido um fiel seguidor das premissas constitucionais. O Estado é uma entidade omnipotente e omnipresente no arquipélago. À boa maneira keynesiana, a economia local é promovida pelo investimento público que garante o pleno emprego e, com este, a fidelidade política de uma população que, dependendo do Estado para ter sustento, se submete ao poder estatal, a mesma submissão a que, pela mesma razão, as empresas e a comunicação social locais se sujeitam.
Alberto João Jardim instaurou na Madeira uma forma moderada do que Fareed Zakaria define como "democracia iliberal", ou seja, um regime que formalmente garante todas as liberdades, mas que, na prática, através do imenso poder que acumula, impede o seu pleno exercício. Foi este o modelo que a Constituição de Abril impôs à república e que Jardim aplicou na Madeira. Inevitavelmente, como sucede a todos os regimes deste género - excepto se sustentados por riquezas naturais - o Estado, quer no continente, quer nas ilhas madeirenses, faliu.
Seria bom que aproveitássemos este fracasso para corrigirmos os erros cometidos pelos deputados constituintes há 35 anos. Temo, porém, que não o façamos. As elites não estão dispostas a alterar um sistema que lhes assegurou a perpetuação no poder e a população é demasiado abúlica e medrosa para querer mudar de vida e correr o risco de deixar de viver sob a protecção de um Estado todo-poderoso que, se lhe não assegurou a prosperidade, lhe tem permitido "viver habitualmente". Assim, temo bem que tenhamos que aturar o Dr. Alberto João e os demais filhos pródigos do regime por muitos anos. Como dizia o engenheiro Guterres, outro dos frutos da mesma árvore que gerou Jardim, "é a vida".

sábado, 17 de setembro de 2011

Big Brother

Se tivessem roubado não eram tão fiscalizados

Ficam os senhores condutores avisados: a partir de agora, sempre que se deslocarem nas suas viaturas, deverão não apenas fazer-se acompanhar dos documentos do carro, mas também das facturas da FNAC correspondentes aos CD's que estejam a ouvir, bem como de comprovativos de compra das roupas que enverguem.
Este país é espantoso, nem a fértil imaginação de George Orwell concebeu semelhante coisa.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Da intolerância

Protests disrupt Proms concert by Israel Philharmonic

Netherlands - Muslim disrupts concert for Queen to preach Islam

Nota: Procurei relatos do incidente ocorrido durante o concerto de homenagem à Rainha Beatriz nos mais relevantes orgãos de imprensa e não encontrei. Há silêncios que dizem mais que mil palavras.

domingo, 4 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

Caros Dr. Passos e Dr. Portas...



... é bom lembrar que as classes médias são o sustentáculo eleitoral dos partidos de centro-direita. Detentoras de propriedade e defensoras da estabilidade do sistema que as libertou da condição proletária, as camadas médias da sociedade são a grande massa que lhes permite a chegada ao poder. O assalto que o Governo está a perpetrar a este grupo social é um acto não apenas imoral, mas também suicidário.

Os custos do progresso



Internet and supermarkets kill off 2,000 bookshops

sábado, 27 de agosto de 2011

Os ricos e os impostos

A blogosfera tem andado entretida com a questão da tributação das grandes fortunas. Desde o revanchismo social da esquerda, que exige o sangue dos ricos, até à sua vitimização, sustentada por blogues da direita soi disant liberal ( a direita de formação cristã tem uma posição diferente ), muito se tem escrito sobre o assunto.
No que respeita à tributação do património, discordo da medida. Os bens, móveis e imóveis, dos mais afortunados são já taxados, não sendo portanto justa uma dupla tributação. Quando um milionário compra uma viatura, uma casa ou uma jóia, paga os impostos respectivos, não se justificando que seja onerado novamente com uma contribuição.
Também não me parece correcto que se aumente a carga fiscal, pois neste momento esta situa-se já nos 46,5%, o que configura um saque ao contribuinte.
A solução passa, a meu ver, por dificultar a fuga ao fisco, já que infelizmente, como disse num post anterior, os milionários não parecem ter consciência da responsabilidade social da riqueza, procurando toda uma série de subterfúgios - que as leis, não por acaso, permitem - para se eximirem ao pagamento dos impostos sobre a totalidade do rendimento tributável. Trata-se pois de cercear o planeamento fiscal ( eufemismo usado para desginar a fuga ao fisco pelos mais abonados ) medida que, mais do que uma forma de aumentar receita, se impõe como imperativo moral, pois cada um deve pagar impostos em função do que realmente ganha e não do que diz ganhar.
Se assim se proceder, podemos não diminuir significamente o défice, mas teremos certamente uma sociedade mais equitativa e mais saudável. Haja coragem para o fazer.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

THE Royal Wedding



No próximo Sábado, na Friedenskirche em Potsdam, SAIR o Príncipe Georg Friedrich, chefe da Casa Real da Prússia, contrai matrimónio com SAS a Princesa Sophie de Isenburg. Fiel à tradição da sua família, que parece ser ainda seguida pela generalidade das famílias principescas germânicas, o Príncipe da Prússia escolheu para sua consorte uma mulher de sangue real, atitude vista certamente como bizarra nestes tempos igualitários e que, aliás, não é já seguida pela quase totalidade das casas reais europeias.
Naturalmente que a sua opção decorre, em parte, do facto de dois dos seus tios, que perderam os seus direitos dinásticos ao casarem com plebeias em favor do pai de Georg Friedrich - que morreu prematuramente em 1977 - terem posto em causa, em sede judicial, a legitimidade da herança de seu sobrinho, processo de que, diga-se, sairam vencidos. Em face disto, caso casasse também ele com uma pessoa de condição diferente da sua, poderia pôr em causa a posição que ocupa.
Mas, mais do que isso, a opção do Príncipe Imperial é, a meu ver, decorrente da consciência da responsabilidade histórica inerente à chefia de uma casa com os pergaminhos da sua. Entenderá o Príncipe - e bem - que a condição real, mais do que direitos e deferências, traz consigo deveres e um deles é a manutenção da dignidade e estabilidade da Casa Real prussiana que, governada por dois príncipes de sangue, educados ambos precisamente para servir as suas históricas famílias e o que elas representam, melhores garantias darão de que tal objectivo será cumprido.
Bem sei que este post será visto como reaccionário e incompreensível, mas a incompreensão, e até algum desprezo, é o preço que se paga por defender posições que não estão na moda e que contrariam as ideias vigentes. Pago esse preço com convicção.

Ainda sobre camelos e agulhas

French Millionaires: We Should Pay More Tax

Apesar da tradição galicana da laicité, os milionários franceses parecem estar preocupados com a sua entrada no Paraíso.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Camelos e agulhas

Segundo consta, as transferências de dinheiro para as offshores disparou em Portugal, ou seja, os que têm mais dinheiro, temendo um agravamento fiscal, puseram parte dos seus grandes pecúlios ao fresco, tentando escapar ao fisco. Detesto o discurso demagógico dos "ricos que paguem a crise", mas é triste assistir a este espectáculo de avareza.
Os detentores de fortunas têm um dever para com a comunidade que fez deles ricos, devendo participar, na medida da sua riqueza, no esforço comum de sanear as contas públicas, tornando, simultaneamente, menos pesado o descomunal fardo fiscal que a exangue classe média presentemente suporta. A ausência de noção de responsabilidade social da riqueza que revelam fazem deles meros gananciosos, logo imerecedores da fortuna que detêm.
Não é fácil dar o braço a torcer, mas começo a concordar com a passagem do Evangelho Segundo S. Mateus - que nunca me agradou - que diz que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que a um rico entrar no Céu.

domingo, 7 de agosto de 2011

Da hipocrisia

Há meninas a sofrer mutilação genital no Vale da Amoreira, a sul do Tejo

O que dizem a isto as associações de defesa dos direitos das mulheres, do género MDM e similares? Será que para estas instituições os direitos das mulheres se circunscrevem à liberalização do aborto? E o barco das senhoras holandesas - as Women on Waves - quando aportará em Lisboa? Ou será que, também para elas, o direito a abortar livremente é a única batalha que deve mobilizar as mulheres?

sábado, 6 de agosto de 2011

Impunidade

Fuga de informação na secreta vai para a PGR

Está, assim, garantido que ninguém será responsabilizado pela fuga de informação, pois a "Rainha de Inglaterra" nada fará para que tal aconteça, como é seu timbre.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Estupidez e demagogia

Médicos de emergência querem demissão do deputado que fez falsa chamada

Esta é a polémica mais estúpida e demagógica dos últimos tempos. De que outra forma poderia o deputado aferir a rapidez de resposta dos serviços de emergência médica?
Pelos vistos, há muito boa gente que não gosta de ser fiscalizada. Temos pena, mas caso não tenham dado por isso, é bom lembrar que vivemos em democracia desde 1976 e que ninguém está acima do escrutínio e da avaliação do seu desempenho. Nem os senhores doutores.

Um (raríssimo) post à esquerda

Jerónimo Martins alimenta e apoia 1100 funcionários durante 2012

Não sei, mas não seria mais lógico pagar-lhes salários mais altos?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ersatz



Definitivamente, Rodrigo Moita de Deus quer ser o Boris Johnson português, transmitindo a imagem do conservador do Séc. XXI, tendencialmente tradicional nos valores, mas irreverente no estilo. A manchete do I é demonstrativa do esforço. Além da farta cabeleira loura, só lhe falta concorrer à presidência da câmara da capital... e, claro, comer muito pãozinho com côdea, pois está muito longe do wit e do talentoso sense of humour do mayor de Londres.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Coincidências




Meet the countries in the Triple-A debt club

Dos 17 países com um rating AAA, 11 são europeus ( excluo a Ilha de Man, território autónomo dependente da Coroa britânica ). Desses, 6 são monarquias... mera coincidência, certamente.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A culpa é nossa

Na cimeira europeia que ontem teve lugar ficou esboçado um futuro governo económico europeu que, a concretizar-se, significará uma perda, difícil ainda de avaliar, de soberania dos países mais pequenos e em situação económica mais débil, como Portugal. É lamentável esta transferência de parte dos poderes soberanos do Estado para as nações mais poderosas da UE, nomeadamente a Alemanha, mas uma coisa é certa: a culpa é sobretudo nossa. A nossa incapacidade de racionalizar uma despesa pública em galopante crescendo, sustento de um Estado sobredimensionado e muitas vezes ineficaz, aliada a uma economia que não cresce, consequência da pressão fiscal e da burocracia, mas também da falta de cultura de risco de uma elite empresarial provinciana e de estreitas vistas, temerosa do risco, criou a situação em que nos encontramos, retirando-nos margem de manobra negocial, mas também autoridade moral para contestar as propostas do eixo franco-alemão.
Desde o 25 de Abril passaram já quase quatro décadas, três das quais abonadas com fundos de Bruxelas mas, ainda assim, não conseguimos escapar, pela terceira vez, à intervenção externa. Em muito menos tempo a Europa e o Japão do pós-guerra reergueram-se das ruínas em que o conflito mundial os deixara. A Alemanha, dividida durante durante mais de quarenta anos, conseguiu em relativamente pouco tempo tornar-se a potência dominante no Velho Continente. E nós, porque falhámos? É verdade que nos desenvolvemos muito desde 1974, mas não conseguimos fazê-lo de uma forma sustentada, o que nos torna particularmente vulneráveis a abalos como a crise financeira de 2008. Vivemos acima das nossas possibilidades, gastámos, subsidiámos quase tudo e quase todos, concedemos privilégios e sinecuras aos milhares, sem cuidar de como pagaríamos a nossa liberalidade. Ou seja, construímos um palácio sobre estacas, que ruíram sob o peso insuportável que sustentavam.
Agora, sem dinheiro e sem razão, temos que ceder àqueles que nos salvarão da bancarrota parte de soberania que, infelizmente, não soubemos usar. Paciência.

domingo, 17 de julho de 2011

Requiem pela Europa



O funeral do Arquiduque Otto de Habsburgo, neste contexto de crise da União Europeia - de que foi um entusiasta - e de declínio político, económico, militar e ético da Europa, simboliza, de certa forma, as exéquias do Velho Continente, de cuja grandeza pretérita a dinastia a que o ilustre defunto pertencia era um dos seus símbolos maiores.

Rude Britannia

O escândalo das escutas que presentemente abala o Reino Unido envolvendo, segundo se suspeita, o próprio chefe da Metropolitan Police, é mais um exemplo da degradação da sociedade britânica. No ano passado foi a vez dos parlamentares, representantes da mais sólida e emblemática instituição inglesa, contribuirem para o desastre com o desprestigiante caso do financiamento público de despesas pessoais. Nas ruas, a violência expande-se, fazendo do país o mais violento da Europa. A imagem típica do inglês deixou de ser a do gentleman e passou a ser a do Asbo, do indivíduo grosseiro e conflituoso, de fato de treino e boné, com uma lata de cerveja numa mão e um cigarro na outra.
O que se passa com a Grã-Bretanha, modelo de respeito pela lei, pela politeness, veneradora das suas vetustas instituições e do seu passado?
Onde está a Velha Albion de Peel, Disraeli, Melbourne e Churchill? Possivelmente enclausurada nas paredes de um club, numa das derradeiras residências senhoriais ainda não transformadas em hotéis para russos e americanos milionários ou algures numa aldeia perdida no countryside, a definhar, nostálgica e desiludida, entretida a ler Kipling ao som da música de Elgar.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Um post politicamente incorrecto

Nos últimos dias parece ter-se tornado um imperativo patriótico zurzir as agências de rating, em particular a Moody's. Admito que estas estejam a prejudicar deliberadamente o Euro para benefício de alguns clientes e, sobretudo, para proteger o dólar o que, a ser verdade, configura um crime de fraude que terá que ser punido. Mas é preciso prová-lo.
O que não carece de prova é a grave situação das finanças públicas e da economia portuguesas. Factos são factos: só entre Janeiro e Maio a despesa aumentou 13 mil milhões de euros e o Banco de Portugal prevê que a economia decresça 2% este ano e 1,8% em 2012, sendo que o nosso país será o único no mundo em recessão no próximo ano. Acresce que a única medida de fundo até agora anunciada pelo novo Governo foi o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal, um mau sinal, pois, ao invés de começar por atacar a despesa, o Executivo apressou-se a recorrer à forma mais fácil - mas também a mais danosa - de atacar a dívida, ou seja, aumentar a receita através do fisco.
Não quero desculpar as agências de rating, sobre as quais tenho sérias reservas, mas, em face destes desastrosos indicadores, que servem de base às suas análises, não é de espantar que revejam em baixa a nossa classificação. Por isso, mais do que nos queixarmos delas, temos que começar a arrumar a casa. Só assim poderemos dar uma bofetada com luva de pelica nas fuças da Moody's.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Uma questão de justiça



No próximo dia 5 passam cem anos da morte da Rainha D. Maria Pia, que se despediu da vida no exílio, na sua Itália natal.
Apesar de ter sido Rainha de Portugal e de ter residido no nosso país durante grande parte da sua vida, os restos mortais da soberana permanecem no panteão dos Sabóia, em Turim. Durante o Estado Novo, vários monarcas falecidos no estrangeiro puderam descansar em Portugal. D. Manuel II, que morreu em Inglaterra em 1932, regressou ao seu país, onde teve funerais de Estado, o mesmo sucedendo a sua mãe, a Rainha D. Amélia, falecida em França em 1951. E até D. Miguel, um rei polémico, foi sepultado no Panteão Real dos Bragança, por ocasião do centenário da sua morte, em 1966.
Não se compreende, pois, que D. Maria Pia não tenha merecido ainda tal homenagem que se impõe, sobretudo, como um acto de justiça para com uma distinta senhora que serviu Portugal durante quase cinco décadas. Talvez tal se deva à indiferença das autoridades, talvez decorra de um certo anti-monarquismo jacobino que domina uma parte da nossa elite política e burocrática. Qualquer que seja a razão, porém, é lamentável que a consorte de D. Luis I não possa, cem anos volvidos, descansar eternamente junto de seu marido, de seus filhos e de seus netos.
A ingratidão continua a ser um defeito muito português, infelizmente.

terça-feira, 28 de junho de 2011

"Um lugar para cada um, cada um no seu lugar"

É curioso que para alguns bloggers de esquerda, o local de residência do actual primeiro-ministro – a suburbana localidade de Massamá – seja motivo de chacota. Supostos defensores da igualdade, de que ninguém deve ser descriminado em função das suas origens sociais, da sua situação económica, etnia, religião ou orientação sexual, a esquerda deixa cair a máscara hipócrita ao criticar Passos Coelho - com uma provinciana soberba social, muito típica da nossa elite periférica - por não viver na Costa do Castelo, no bairro da Lapa ou nas Avenidas Novas. Consideram que Passos não é um dos seus, porque não vive nos bairros lisboetas da classe média alta, não frequenta os lugares que consideram obrigatórios, não leu ou, pelo menos, não cita – para mostrar que leu – os autores por eles consagrados, não frequenta os festivais de cinema ou teatro que organizam sobretudo para si mesmos.
Esta arrogância social não é nova. Também Salazar e Cavaco Silva – ambos oriundos de meios modestos e pouco dados às mundanidades – foram alvo da ironia verrinosa da esquerda iluminada indígena, que os consideravam provincianos, incultos e pouco urbanos.
Para a esquerda “culta” que pulula pela blogosfera, a mobilidade social só é aceitável desde que não ameace o seu predomínio, o seu auto-atribuído estatuto, desde que a plebe não ouse ascender às posições que eles – ao estilo da mais reaccionária aristocracia – consideram ser naturalmente seus.
No seu ethos discriminatório e socialmente exclusivista, a intelligentzia nativa pouco difere, pois, do autor da frase que dá título a este post, Carneiro Pacheco, o ultraconservador ministro da Educação Nacional do Governo do "rústico" de Santa Comba.

terça-feira, 21 de junho de 2011

XIX



Boa sorte... bem precisam

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Lampedusa tinha razão

Diz-se na imprensa que Miguel Relvas será o Ministro dos Assuntos Parlamentares, acumulando a incumbência da reforma administrativa. A escolha de um homem do aparelho partidário para, entre outras missões, proceder à extinção e fusão de concelhos e freguesias é a garantia de que muito pouco ou nada se fará neste campo.
É preciso que algo mude...

Adenda: Apesar do erro de casting acima referido, o Governo de Passos Coelho parece-me globalmente bom. Destaco as escolhas de Paula Teixeira da Cruz para a Justiça e de Nuno Crato para a Educação. Falta saber quem será o secretário de Estado da Cultura. Estou curioso...

terça-feira, 7 de junho de 2011

O culto da abstracção



Ontem, pela enésima vez, o Dr. António Arnaut defendeu o SNS nos moldes em que a Constituição o consagra, mostrando-se - como sempre - inflexível em relação a qualquer mudança no sistema. Mesmo que este funcione mal, como é o caso. António Arnaut, tão cioso da integridade da Constituição, elevada à quase condição de dogma de fé, esquece que são cada vez mais os cidadãos privados dos necessários cuidados de saúde, consequência da incapacidade do sistema público responder às solicitações. Ora essa incapacidade poderia ser, em larga medida, superada através de uma maior colaboração entre os sectores público, privado e social, mas a Lei Fundamental limita-a fortemente, circunstância que impõe a sua revisão. Mas isso não parece preocupá-lo. Que os serviços prestados estejam a degradar-se, que o recurso à medicina privada ( uma boa parte dela - o que não deixa de ser irónico - propriedade do banco do Estado ) esteja a aumentar como consequência da degradação do serviço público, forçando os cidadãos a sustentar em simultâneo dois sistemas de saúde, nada disso é relevante, desde que não se toque no sacrossanto princípio da universalidade e tendencial gratuitidade do SNS.
É o típico apego à forma, à abstracção, que deleita a esquerda, que se satisfaz com a enunciação de princípios, mesmo que na prática se não apliquem. O que importa é a ideia, a realidade é um detalhe.
Que interessa, pois, que o SNS não garanta a todos os cuidados de saúde de que precisam? Nada! O que interessa é que a Constituição de Abril diga que todos devem ter acesso a estes.
A educação mostra graves deficiências de qualidade e o abandono escolar atinge valores elevados? Qual quê! A Lei Fundamental proclama o ideário republicano da escola para todos, é o que basta.
Portugal é o país mais desigual da Europa? Que interessa isso? Então não está constitucionalmente consagrado o "caminho para uma sociedade socialista"?
O que é a concretude, a vida quotidiana das pessoas, perante a grandeza dos valores enunciados por mentes preclaras nos salões, entre um trago de conhaque e uma passa no charuto?

Cretinismo

Ana Gomes diz Portas não tem idoneidade para governar

Pois... mas um primeiro ministro cujo nome foi envolvido em inúmeros processos ( Freeport, Cova da Beira, Face Oculta, uma acusação de crime contra o Estado de Direito - que só não teve provimento por expedientes formais - e um longo etc. ) pôde exercer as suas funções com plena legitimidade. Estranha duplicidade de critérios...

A Formiga Branca estará de volta?

Para que conste

segunda-feira, 6 de junho de 2011

domingo, 5 de junho de 2011

De saída



Uma excelente notícia para quem acredita na Democracia

Adenda: Não seria altura dos responsáveis pelas empresas de sondagens seguirem o exemplo de Sócrates?

Voltámos ao Verão Quente?

Sede do PSD-Braga vandalizada durante a madrugada

Mudou o alvo, mas manteve-se o método

terça-feira, 31 de maio de 2011

sábado, 28 de maio de 2011

28-M


Foi há 85 anos

terça-feira, 24 de maio de 2011

Al(g)arve

O ex-ministro Pinho resolveu-se, há uns anos, rebaptizar o Algarve de Allgarve, tentando torná-lo mais atractivo para os turistas de língua inglesa. A julgar pelos exemplares vindos da Velha Albion com que me tenho cruzado por estas bandas, acho que mais próprio seria retirar o "g" ao nome desta solarenga região.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

É bom lembrar...



...que a elite éclairée que hoje se indigna com as imagens de DSK algemado, é a herdeira política daqueles que há dois séculos atrás fizeram isto ao seu Rei na praça pública

quinta-feira, 19 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

(In)égalité



É curiosa a reacção de muitos em França - a pátria da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão - em relação ao tratamento dado pela polícia americana a DSK. Podemos questionar a publicidade de que são alvo os acusados nos EUA, publicamente exibidos sem grande discrição, mas a indignação francesa é selectiva, pois não se deve tanto à forma como são tratados os detidos, mas sobretudo ao estatuto do director do FMI. Para estes críticos - também os há em Portugal - as pessoas importantes e poderosas devem beneficiar de um tratamento especial, o que contraria o fundamental princípio da igualdade perante a Lei, de que a Europa, e sobretudo a França, tanto se gabam.
Quer-me parecer que o Velho Continente tem muito ainda a aprender com esse povo "semi-bárbaro", os ex-colonos americanos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Não tenho pachorra...



... para assistir a um debate entre o autoritarismo utópico e o utopismo autoritário

A ter em conta no dia 5 de Junho

A posição de Sócrates a respeito da Taxa Social Única, que contraria o compromisso por si assumido, em nome do Governo e do País, com a troika, prenuncia que, se for Primeiro Ministro novamente, não cumprirá integralmente o acordado, se tal lhe for politicamente conveniente. Neste caso, não só as tranches do empréstimo não serão entregues, como a credibilidade do Estado ficará irremediavelmente comprometida.
Cuidado! Não cometam os portugueses o erro do PS... reeleger Sócrates.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A verdade em política

"Encontrava-me no coração político do mundo, num momento em que se procurava estabelecer algum desanuviamento das tensões da Guerra Fria, mas em economia os problemas aumentavam em virtude da primeira crise petrolífera. No entanto, estava em pleno auge a questão do 'Watergate', pelo que, para minha estupefacção, as perguntas incidiram de forma persistente apenas na questão das escutas, das gravações, do incidente que comocionava os meios de comunicação e a classe política dos Estados Unidos ( ... )
Poucos dias mais tarde, já com o secretário de Estado, num jantar em Hartford, no Connecticut, em casa de um médico português muito conhecido e influente, tive a oportunidade de expressar esta minha surpresa ao reitor da Universidade de Harvard.
A resposta foi concludente sobre a exigência ética que os americanos têm em relação aos seus dirigentes: 'O Presidente ( Nixon ) mentiu. Se ele tem aceite e reconhecido, desde o princípio, o que tinha feito, teria reduzido as consequências. O que não é admissível é que tenha mentido!' Compreendi a grande diferença com a mentalidade europeia onde, ainda hoje, parecem não ter sido assumidos esses conceitos."


Pedro Feytor Pinto, Na Sombra do Poder

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lata

Se os portugueses, como indiciam as sondagens, estão dispostos a dar mais de 30% ao PS nas legislativas, que legitimidade têm para pedir aos finlandeses e ingleses para lhes emprestarem dinheiro? É preciso lata!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Novidade politológica

O Professor João Cardoso Rosas classifica o CDS, em artigo de opinião publicado no Diário Económico, de "extrema-direita parlamentar".
Em que manuais de ciência política se terá baseado para fazer semelhante classificação?

domingo, 8 de maio de 2011

E agora...

Londres põe em causa ajuda a Portugal

...vão fazer mais um vídeo patético para convencer os ingleses?

Achei imensa piada

A culpa é do pólen dos pinheiros,
Dos juízes, padres e mineiros,
Dos turistas que vagueiam nas ruas,
Das strippers que nunca se põem nuas,
Da encefalopatia espongiforme bovina,
Do Júlio de Matos, do João e da Catarina.
A culpa é dos frangos que têm HN1
E dos pobres que já não têm nenhum.
A culpa é das prostitutas que não pagam impostos,
Que deviam ser pagos também pelos mortos.
A culpa é dos reformados e desempregados,
Dos professores que não são avaliados.
A culpa é dos que tem uma vida sã
E da ociosa Eva que comeu a maçã.
A culpa é do Eusébio que já não joga a bola
E daqueles que não batem bem da tola.
A culpa é dos putos da Casa Pia,
Que mentem de noite e de dia.
A culpa é dos traidores que emigram
E dos patriotas que ficam e mendigam.
A culpa é do Partido Social Democrata
E de todos aqueles que usam gravata.
A culpa é do BE, do CDS e do PCP
E dos que não querem o TGV.
A culpa é da gasolina que encarece,
A culpa até pode ser do urso que hiberna,
Mas nunca a culpa é do Sócrates,nem do PS,
ou da corja que nos governa!

Frei João da Fonseca

Roubado daqui

Situacionismo

Do que se conhece do programa do PSD, não está prevista a redução do número de concelhos. Aliás, a fazer fé na manchete do Expresso de ontem, PS e PSD estão empenhados em que tal não se faça.
É sintomática esta atitude dos dois partidos rotativos: de facto, os municípios têm sido uma fonte quase inesgotável de sinecuras e de financiamento partidário, através do tráfico de influências - o "compadrio aldeão" de que falava Eça - além de propiciar a corrupção, cuja verdadeira dimensão desconhecemos, graças à crónica ineficácia da justiça indígena. Não lhes parece, pois, interessante mudar este podre status quo.
Lamento que o PSD se renda à situação e à rede de interesses que a sustenta, não mostrando coragem bastante para derrubar de uma vez por todas o cacicato, um dos seculares obstáculos a que tenhamos em Portugal uma autêntica democracia.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

The Queen's speech



A vitória do Scottish National Party nas eleições de ontem abre caminho ao referendo sobre a independência da Escócia, que poderá comprometer ( eu estou convicto que não ) a sobrevivência do Reino Unido.
Reproduzo um excerto do discurso que a Rainha Isabel II proferiu em Westminster Hall, perante as duas câmaras do Parlamento, em 4 de Maio de 1977, no decurso de um banquete em sua honra por ocasião do Jubileu de Prata da soberana e no qual, contrariando o habitual silêncio dos monarcas em relação a questões políticas, assumiu uma posição muito clara a respeito da unidade nacional:

"The problems of progress, the complexities of modern administration, the feeling that Metropolitan Government is too remote from the lives of ordinary men and women, these among other things have helped to revive an awareness of historic national identities in these Islands. They provide the background for the continuing and keen discussion of proposals for devolution to Scotland and Wales within the United Kingdom.

I number Kings and Queens of England and of Scotland, and Princes of Wales among my ancestors and so I can readily understand these aspirations.

But I cannot forget that I was crowned Queen of the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland."

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ironias

Não deixa de ser irónico que o FMI, demonizado pela esquerda como a face voraz do capitalismo, tenha decidido atribuir o subsídio de desemprego aos chamados falsos recibos verdes, medida que o PS, paladino do Estado Social e do Portugal de Abril, sempre se recusou a adoptar.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cenas de um casamento



O casamento dos Duques de Cambridge revelou um pouco mais acerca da discreta pessoa do Príncipe William. Parco em palavras, como se espera das pessoas reais, pouco se sabe a respeito do que pensa, embora muito se escreva sobre o assunto.
É voz corrente, entre os que se pronunciam sobre o filho do Príncipe de Gales, que é um homem de ideias avançadas e que, uma vez aclamado, revolucionará a - ainda em muitos aspectos - vitoriana monarquia inglesa. Discordo.
Ora, porque o pensamento do Príncipe não é conhecido, apenas especulado, procurei ver no casamento sinais da sua sensibilidade e da sua forma de conceber a instituição que, a seu tempo, chefiará, e cheguei a conclusões bem diversas.
A cerimónia foi sóbria, mas solene, digna, portanto, da instituição que o Príncipe representa. Nas escolhas musicais, foram eleitos alguns dos mais famosos compositores ingleses dos Sécs. XIX e XX e que traduziram em linguagem musical as grandezas da nação britânica e do seu império em peças impetuosas e triunfalistas: Elgar, Stanford, Parry, William Walton. Destaco em particular o hino de Parry – Jerusalem – para muitos o hino não-oficial de Inglaterra, o I was Glad, que acompanhou a entrada de Kate Middleton na Abadia de Westminster, peça que é tradicionalmente tocada no percurso do soberano até ao altar nas cerimónias de coroação ou o Crown Imperial, de Walton, marcha triunfal intepretada no final da cerimónia e que foi composta para a coroação de Eduardo VIII e interpretada pela primeira vez na coroação de seu irmão – Jorge VI – em 1937.
Na decoração da Abadia, prevaleceu o verde de enormes arbustos que deram alguma cor às paredes escurecidas pelo tempo, evocando, possivelmente, a paisagem rural britânica – a green a pleasant land de que fala o poeta William Blake, no poema Jerusalem que Parry musicou e a que acima me referi – de que o Príncipe de Gales tem sido persistente defensor, causa que William parece partilhar com o seu pai.
Assim, além da sobriedade da cerimónia – que parece revelar a natureza discreta dos noivos, mas também a consciência das dificuldades por que presentemente passam muitos dos seus compatriotas - pode destacar-se a sua convencionalidade e, arrisco até, o seu conservadorismo. Não houve inovações, a escolha musical parece decalcada do programa do último concerto dos Proms – e, sobretudo, Elton John fez o favor de permanecer calado desta vez. A decoração, sendo talentosa, não foi arrojada e o próprio vestido da noiva revelou uma enorme sensatez: particularmente elegante, era discreto e despretencioso, o que demonstrou, por parte da noiva, a consciência das suas origens, pois se Kate Middleton saiu da Abadia princesa, não foi nessa condição que lá entrou.
Em nenhum momento da cerimónia vi indícios de rebeldia ou de ruptura com a tradição. Tudo me pareceu ser como sempre foi. E é assim que deve continuar a ser. God bless William for that!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ver para crer

Na televisão e na blogosfera tem sido posta em causa - inclusivamente por pessoas pouco dadas a teorias da conspiração - a morte de Osama Bin Laden. Sinceramente não percebo. Seria razoável que o Presidente dos EUA viesse publica e solenemente declarar uma mentira? Não estamos em Portugal, em que a mentira se tornou habitual e é bem recebida, e Obama não é José Sócrates.
Dizem tais comentadores e bloggers que é suspeita a ausência de imagens do cadáver ou do seu enterro. Pois muito bem: se tais imagens fossem mostradas logo ouviríamos uma berraria indignada com a falta de escrúpulos dos americanos ao exibirem os restos mortais do vilão como uma presa de caça, desrespeitando quer o morto, quer a tradição islâmica. Como não mostraram, é porque o homem, afinal, não está morto. Enfim...

A proverbial hipocrisia da esquerda

Abono retirado a 645 mil crianças

Hipocrisia do PS, responsável por esta medida, e do PCP e BE que, caso esta tivesse sido tomada por um governo de centro-direita, já teriam feito uma infinidade de jornadas de luta e concentrações na Largo de Camões.

Congratulations, Mr. President!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Salazarices

Lacão diz que dúvidas sobre transparência das contas são "anti-patrióticas"

Já só falta propor que esses traidores sejam encarcerados no Tarrafal, a bem da Nação

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nobre

Não sou simpatizante de Fernando Nobre, apesar dos seus méritos, que reconheço. Porém, acho profundamente irritantes e desonestas as reacções destemperadas à sua candidatura a deputado à AR, na qualidade de independente, nas listas do PSD. Os partidos são sistematicamente criticados por estarem de costas voltadas para a sociedade civil; ora, o que o PSD fez ao convidar Nobre foi precisamente abrir espaço a um cidadão não filiado. O problema é que Nobre se candidata pelo partido errado. Se tivesse aceite o convite do PS que - ao que consta - lhe terá sido formulado, toda a gente elogiaria o gesto. Porém, porque integra as listas de um partido do centro-direita, aqui d'el Rei, que o homem é um oportunista e um traidor ( traidor a quê e a quem? ).
Esquecem também - ou fingem esquecer - os críticos de Nobre, que os partidos detêm o monopólio da representação política no parlamento e que qualquer cidadão, para ter assento na casa da democracia, tem por força que integrar as listas de um partido.
Defendo convictamente a abertura dos partidos, bem como de todas as instituições do Estado, à sociedade civil, por isso aplaudo esta decisão do PSD. Espero, porém, que Fernando Nobre não seja apenas um símbolo de participação cidadã, com o objectivo de tentar esconder o peso do aparelhismo partidário nas listas sociais-democratas à AR, o que, a acontecer, faria da candidatura de Fernando Nobre, um mero gesto de propaganda à la Sócrates. Quero acreditar que Passos Coelho não irá por esse caminho.

sábado, 9 de abril de 2011

Estou confuso...




... então não é a direita que representa os interesses económicos?

quarta-feira, 30 de março de 2011

O curioso caso da Bélgica



A Bélgica é a recordista mundial dos países sem governo, completando hoje o 289º dia sem Executivo. Apesar disso, o Estado belga não só não acabou como não caiu no caos. Não advogo a tese do minimal state, mas o caso belga faz-me pensar...

terça-feira, 29 de março de 2011

Metáfora

O Prós & Contras de hoje é a perfeita metáfora do País. Um grupo de personalidades bem pensantes, sentadas em semicírculo, à conversa entre si, de costas voltadas para a assistência.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Portugal no seu melhor

Resumo da factura da EPAL: Consumo de água = 1,82 Euros. Valor a pagar = 16.21 Euros

Da Democracia

Sócrates e a sua entourage introduziram na política indígena um discurso intolerável numa democracia. Consideraram-se únicos defensores do bem comum, entendendo, portanto, que todos os que não apoiassem incondicionalmente as suas políticas eram contra esse objectivo. Ora, esse é o argumento característico dos regimes autoritários. Numa democracia, parte-se do pressuposto que todas as forças políticas pugnam pelo bem comum, diferindo apenas nos caminhos para o alcançar. São, pois, os meios que se discutem e não os fins. A queda deste Governo pôs cobro a este argumento chantagista de pendor autocrático. Ainda bem.

domingo, 20 de março de 2011

Então, não há manif?

Passei há pouco no Largo de Camões e fiquei espantado com a calma domingueira que lá se vivia. Esperava, honestamente, uma manifestação contra a ingerência imperialista na Líbia, com cartazes a verberar os EUA e a NATO. Será que a esquerda colorida foi toda para a praia?

terça-feira, 15 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Obviamente, demita-se!



http://www.facebook.com/pages/J%C3%A1-Basta/138950559505563?ref=ts&sk=wall

Recado aos partidos

"Pessoas da geração do 25 de Abril andam muito zangadas com o povo porque o povo se manifesta contra os partidos. Dizem que não pode haver democracia sem partidos. Não sei se pode. Se calhar não. Mas quando o povo se manifesta contra os partidos, não é o povo que tem que mudar."

João Miranda, Blasfémias

domingo, 13 de março de 2011

O raio que os parta!

José Pacheco Pereira e outros opinion makers da sua geração têm criticado em tom arrogante a manifestação de 12 de Março, recorrendo a fáceis e abusivas generalizações, apodando os manifestantes de irresponsáveis, mimados e, como alguém chegou a referir, possuidores de smartcars ( eu não tenho sequer uma mísera bicicleta ).
Esquecem-se estes comentadores instalados em sinecuras tão confortáveis quanto os sofás onde se sentam quando escrevem os seus posts e artigos inflamados, que nos idos de 70 - quando tinham a idade dos que hoje protestam - com singular irresponsabilidade e inconsequência, defendiam para Portugal - ao arrepio da História e do mais elementar bom senso - o socialismo e uma multiplicidade de outros "ismos". Não reconheço, pois, à geração de Pacheco Pereira, autoridade moral para a sobranceria com que critica aqueles que estão hoje a pagar a factura pelos seus desvarios e experimentalismos ideológicos que produziram, entre outros desastres, as nacionalizações, a reforma agrária e um Estado tão desmesurado quanto ineficaz.

Rá, ré, ri, ró, rua!!!

Contas certas

Discurso do PR + moção de censura + PEC IV + manifestação de 12 de Março = demissão do Governo

Moção de censura II



Desceu à rua um Portugal farto de tudo isto. Farto por boas e más razões, mas sobretudo farto. Desceu à rua um Portugal que quis fazer qualquer coisa, mesmo que não saiba muito bem como as coisas podem ser diferentes. Desceu à rua um país inorgânico mas, no essencial, ordeiro e respeitador da democracia. Desceu à rua um Portugal algo desesperado mas não revolucionário. Desceu à rua um Portugal que gostou de verificar que não está totalmente alheado da coisa pública.

José Manuel Fernandes

quarta-feira, 9 de março de 2011

Limpeza


Quer-me parecer que o Presidente da República apelou à rápida remoção do Governo de Sócrates.

Acerca da "Geração à Rasca"

Não me revejo em diversas reivindicações do movimento “Geração à Rasca”. Não creio possível, nem desejável, a manutenção do Estado Social nos moldes em que até agora se estruturou. Não desejo um mercado de trabalho com empregos “blindados” por uma legislação demasiado rígida. Creio que a chave da resolução da crise passa mais pelo crescimento económico, gerador de emprego.
Mas não deixa de me causar espanto a indignação que a manifestação está a causar em certos sectores da direita; a mesma direita que está sempre a clamar pela participação da sociedade civil, mas que perante uma manifestação organizada por esta, se toma de pânicos e a considera ilegítima. Poderá a nossa direita estar em desacordo com os motivos do movimento, mas não me parece coerente que esteja tão incomodada com a sua existência. Em blogues, tidos por liberais, da direita moderna, como o Blasfémias ou o 31 da Armada, nota-se um azedume em relação à manifestação do próximo dia 12. Afinal de contas, parece que a velha fórmula do "viver habitualmente" continua a fazer escola. O medo da contestação, da rua, permanece.
O direito ao protesto não é um exclusivo da geração que fez o 25 de Abril. Todos, novos e velhos, têm o direito de defender as causas que consideram justas e todos, da esquerda à direita, têm o dever de o respeitar. Como dizia o senhor Voltaire “Je ne suis pas d'accord avec ce que vous dites, mais je me battrai jusqu'au bout pour que vous puissiez le dire”.