sábado, 10 de dezembro de 2011

Splendid isolation



A decisão britânica de vetar a revisão do Tratado de Lisboa tem sérias consequências para o futuro da União. Desde logo porque cava mais um fosso no princípio de unidade da Europa, que já havia, para todos os efeitos, sido posto em causa pela moeda única, adoptada por apenas 17 dos 27 Estados membros da UE.
Por outro lado, ao colocar-se de fora do acordo intergovernamental, o Reino Unido perde não apenas a capacidade de intervir em defesa dos seus interesses económicos, mas também a possibilidade de evitar a reemergência de uma potência hegemónica no Velho Continente, algo que os britânicos – com toda a razão – sempre procuraram evitar através de uma política pragmática de divide and rule, até agora tão cara aos conservadores.
Mas não serão apenas os britânicos que perdem com esta decisão. Também os pequenos países, como Portugal, serão afectados com este afastamento. O Reino Unido, com o seu proverbial europeísmo relutante, sempre foi um freio às derivas federalistas, dando expressão aos receios dos Estados de menor dimensão, cuja voz não é ouvida na União. Sem o travão da Velha Albion, está aberto o caminho para a federalização da Europa, que engolirá os pequenos Estados, sobretudo os mais fragilizados, condenados à subalternidade face aos interesses do eixo franco-alemão.
Cameron errou e todos perdemos com isso.

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