sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tory England

9 comentários:

Radagast disse...

Exactamente, England :-) E mesmo na England, não foi nas cidades (exceptuando nas zonas privilegiadas, tipo Chelsea). Gastando 3 vezes mais do que o Labour, contando com o apoio de grande parte da comunicação social, que vive de alimentar medos, mentindo, e mesmo assim sem aprofundar, continua a caber a Brown formar governo :-D

Sir Humphrey disse...

Não venceu nas cidades; so what? o voto da Inglaterra rural não vale menos que o da Inglaterra urbana. É a merry England que os labour esqueceram, por preconceito ideológico.É a merry England das classes médias, desapontadas com a broken society que os labour alimentaram. E quanto ao apoio da comunicação social, não é argumento: Blair foi , durante muito tempo, levado ao colo pela imprensa britânica. Devemos também por em causa as suas vitórias eleitorais?

Radagast disse...

Broken Society? Qual broken society? Só se for a que Major deixou para trás :-) Esse um cliché que não pega. Nem pegou.

Se pegasse, com todo o apoio da comunicação social, toda a perseguição ao Brown, todas as aldrabices dignas de um vendedor da banha da cobra, o desgaste de 13 anos de governação, e a impopularidade gritante do líder labour, os Tories teriam mais do que os míseros 306 MP. Em condições menos favoráveis Blair teve 416!

Apesar de tudo à esperança. Principalmente se se conseguisse deixar de galvanizar parte das classes médias rurais de que falas com o medo e a xenofobia, os grandes motores destes Tories.

Por alguma razão não querem que o sistema eleitoral seja mais democrático.

Sir Humphrey disse...

A broken society não é um cliché, sobretudo para os que pagaram com a vida a violencia gratuita dos gangues. Claro exemplo é a delinquencia juvenil que só o ano passado vitimou dezenas de jovens.
Quanto à reforma eleitoral, pergunto porque a não fizeram os trabalhistas nos 13 anos que habitaram o nº10. O desejo de demonizar os tories, a mais antiga formação política da democracia britânica, chega a tolher-te o bom senso!

Radagast disse...

Gangues? Mas quais gangues? Vivi lá dois anos e foi coisa que não vi. Desconheço problemas que existem quase exclusivamente nas capas do Daily Mirror, Sun ou Telegraph.

A realidade é que a criminalidade é mais baixa de que na década de 90, e que 2009 foi mesmo o ano com menos homícidios desde 1990 (!). Mas os Tories que não deixem a realidade intrometer-se nas suas declarações :-)

É bem verdade que o Labour deveria ter aprovado a reforma eleitoral há muito tempo; porém, se há alguém que faz questão em que o sistema não se torne mais democrático, neste momento, são os Tories; a quem, diga-se de passagem, não demonizo, estão apenas a zelar pelos seus interesses.

O que estranho é que os Tories de convicção (com quem eu não concordo, em geral, mas que são respeitáveis) não se oponham a "estes" Tories, que tão ostensivamente menosprezam as suas obrigações para com a sociedade.

But, then again, there isn't such thing as society, right? ;-)

Sir Humphrey disse...

O facto de não teres visto gangues não implica que não existam. Existem certamente. E, concedendo que a imprensa tablóide amplia o fenómeno, este não é uma criação sua. Por outro lado, a broken society não se circunscreve à violência urbana, passa tb por uma cultura de dependência de subsidios e da criminalidade associada, pela desagregação dos laços familiares, pela maternidade adolescente, and so on.
Quanto ao esquecimento, pelos Tories, das suas obrigações para com a sociedade, não percebo a que te referes. Espero que essa tua opinião não decorra de um preconceito social, a contrario, em relação a alguns dos dirigentes conservadores.

Radagast disse...

Gangues existem como em todos os países europeus. No UK não se vive nenhuma realidade semelhante à norte-americana, como afirmam os Tories. Não é um problema estrutural. A prova disso é que os crimes violentos são menos de que no tempo tory. Uma vez mais, que a realidade não seja impedimento para se dizer o que quer que seja.

Aliás, vejo que o problema afinal é outro, como tu confirmas quando associas subsídios e criminalidade. Como é que funciona isto de “subsidios e da criminalidade associada”?

É que tudo o demais que referes (“desagregação dos laços familiares, pela maternidade adolescente, and so on.”) está menos mal de que na década de 90 (o que é quantificável, nomeadamente a maternidade adolescente; o resto são percepções). É que tentar ser eleito alegando que o outro está a fazer mal o que nós já provámos fazer ainda pior é, no mínimo, esquisito.

Não percebes a que me refiro quanto às falta de cumprimento das suas obrigações para com a sociedade? Eu enumero umas quantas:

Dimuição dos impostos nas actividade poluentes
Aumento exponencial dos custos dos transportes públicos
Negação de acesso a apoio domicilários a deficientes sem dinheiro para o ter
Diminuição drástica no acesso as casas camarárias (Osborne diz que pobres são os que têm menos de £1 milhão)
Fim da actual intervenção pública, de empréstimos e investimento (porque a recessão é boa para quem tem ouro nos portfolios).

E eu não digo que os Tories se esqueceram das suas obrigações, digo que não as querem cumprir. Não é um preconceito, é uma ilação retirada das acções e comentários tories que acabo de referir.

Sir Humphrey disse...

A relação entre a dependência de subsídios e a criminalidade não é evidentemente uma relação necessária, mas existe e não apenas no UK. É preciso que os beneficiários percebam que não há almoços grátis. Sempre defendi que todos os beneficiários prestem serviço comunitário enquanto recebem subsídios, o que só os dignifica, contribui para a sua integração social e os afasta das potenciais tentações do crime. Sei que este discurso não é politicamente correcto, but I don´t care;)

Radagast disse...

Acho bem que os beneficiários de certo tipo de subsídios prestem serviço comunitário. Parece-me justo e não creio que escutes muitas vozes contra. Acho que o devem fazer porque é o correcto, não porque os afaste da tentação do crime. Até porque seria um contra-senso dizer que um desempregado com subsídio se sente tentado pelo crime mas um sem subsídio não.