quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Velhas receitas

Vai realizar-se nos próximos dias 14, 15 e 16 de Novembro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, um congresso internacional dedicado a Karl Marx. No texto de apresentação do evento é dito que a presente crise do capitalismo "recoloca a pertinência das abordagens marxistas sobre a economia, a sociedade, as ideologias e a política das sociedades capitalistas".
Desde logo, não deixa de me espantar que o congresso, pretensamente espaço para um debate científico sobre o marxismo, seja apresentado de forma panfletária, como um acontecimento com objectivos políticos. Já quanto ao conteúdo do texto, quero frisar que me parece no mínimo contestável que uma crise do capitalismo torne pertinente o reexame do marxismo como instrumento de, e volto a citar, "transformação do tempo presente". O marxismo, enquanto doutrina económica, provou amplamente ser um rotundo fracasso. Em todos os países onde foi experimentado, causou atraso e empobrecimento. É, pois, espantoso que, nos dias de hoje, alguém ouse apresentar o marxismo como alternativa ao capitalismo que, note-se, e contrariamente ao que a esquerda insiste em fazer crer, não acabou. Esta insistência no marxismo é reveladora não apenas do dogmatismo de uma esquerda que persiste teimosamente em modelos fracassados, mas também da sua indigência intelectual. Se o que nos oferecem como alternativa ao capitalismo ( o que, repito, não é necessário, pois o sistema está longe de estar esgotado ) é, uma vez mais, a velha receita marxista, prefiro, sem hesitar, o capitalismo, mesmo com crises cíclicas.

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