D. Manuel II, o último Rei de Portugal, morreu há precisamente oitenta anos, em Inglaterra, pátria de exilados, prematuramente, aos quarenta e dois anos.
Inesperadamente aclamado Rei, consequência da tragédia que se abateu sobre a sua família, D. Manuel, inexperiente e ainda muito jovem, foi chamado a cumprir a penosa e quase impossível tarefa de chefiar um Estado consumido pela corrupção moral e material, em bancarrota, cujo regime político mostrava claros sinais de esgotamento. Dois anos e alguns meses depois da sua aclamação, deu-se a primeira derrocada do regime constitucional liberal, que acabaria por ruir totalmente em 1926. Forçado ao exílio, desapossado de grande parte dos seus bens, viveu o resto da sua vida no cumprimento do régio dever de serviço à pátria, quer acompanhando atentamente a evolução da situação política portuguesa, quer, sobretudo, através do estudo dos livros antigos portugueses, em que se tornou especialista de renome.
Não regressou vivo à pátria que o expulsou, pois o regime republicano, por facciosismo, mas, acima de tudo, por insegurança, não permitiu que voltasse a pisar solo português. Deu-lhe funerais de Estado, é certo, mas nunca lhe fez justiça.
D. Manuel II era um homem culto, civilizado, discreto, digno, movido por uma sólida ética de serviço público. Não surpreende pois que tenha sido arredado do trono, porque Portugal sempre foi um país ingrato para com os seus melhores.
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