quarta-feira, 11 de maio de 2011

A verdade em política

"Encontrava-me no coração político do mundo, num momento em que se procurava estabelecer algum desanuviamento das tensões da Guerra Fria, mas em economia os problemas aumentavam em virtude da primeira crise petrolífera. No entanto, estava em pleno auge a questão do 'Watergate', pelo que, para minha estupefacção, as perguntas incidiram de forma persistente apenas na questão das escutas, das gravações, do incidente que comocionava os meios de comunicação e a classe política dos Estados Unidos ( ... )
Poucos dias mais tarde, já com o secretário de Estado, num jantar em Hartford, no Connecticut, em casa de um médico português muito conhecido e influente, tive a oportunidade de expressar esta minha surpresa ao reitor da Universidade de Harvard.
A resposta foi concludente sobre a exigência ética que os americanos têm em relação aos seus dirigentes: 'O Presidente ( Nixon ) mentiu. Se ele tem aceite e reconhecido, desde o princípio, o que tinha feito, teria reduzido as consequências. O que não é admissível é que tenha mentido!' Compreendi a grande diferença com a mentalidade europeia onde, ainda hoje, parecem não ter sido assumidos esses conceitos."


Pedro Feytor Pinto, Na Sombra do Poder

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