segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Passos perdido



São lamentáveis as palavras do primeiro-ministro a respeito dos professores desempregados, recomendando que emigrem. É bem verdade que o futuro do país não é radioso, mas a proposta do chefe do Governo – e Passos Coelho tem que ter consciência que não é um cidadão qualquer e que fala à nação e não com os amigos no café – assume-se como o reconhecimento da inviabilidade do país, um baixar de braços que não é admissível em quem tem precisamente a obrigação de tudo fazer para solucionar os problemas nacionais. Se o primeiro-ministro entende que os seus compatriotas não têm lugar no futuro deste país, o que faz então na chefia do Governo? Está no cargo apenas para pagar aos credores e depois fechar a loja? É absurdo!
Além do mais, Portugal não se pode dar ao luxo de dispensar mão-de-obra especializada e em idade activa. Não podemos modernizar a economia sem gente e, sobretudo, sem gente com formação superior. Por outro lado, esta sangria de população compromete a viabilidade do próprio Estado, pois quanto menos trabalhadores houver, menos serão os impostos e as contribuições pagos para a segurança social.
Não precisamos de vendedores de banha da cobra como Sócrates, que prometia um futuro radioso para todos, mas não podemos aceitar que um primeiro-ministro ice a bandeira branca e desista de lutar pela viabilidade do país que assumuiu o encargo de governar. No início da II Guerra Mundial, Churchill prometeu aos seus compatriotas sangue, suor e lágrimas, mas como preço a pagar pela continuidade das velhas liberdades inglesas e o aniquilamento das insanas ambições nazis, ou seja, os sacrifícios então pedidos pelo ilustre estadista eram o penhor de um futuro tão bom ou, se possível, melhor que o passado. Passos, pelo contrário, oferece sacrifícios ao mesmo tempo que exorta à desistência. Um autêntico contra-senso! Assim, senhor primeiro-ministro, não vamos longe.

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