A vitalidade dos regimes políticos mede-se pela capacidade que têm de se adaptarem a novas circunstâncias. Se os atavismos e os vícios gerados pelos interesses e pelo comodismo o impedem, o regime acaba por morrer.
Assim foi com a Monarquia Constitucional, falida e desacreditada por um sistema rotativo corrupto de que se não conseguiu libertar; assim foi também com a I República, instável, violenta e frustrante ( para quem nela acreditou, entenda-se ) que não só não melhorou a situação financeira herdada da Monarquia, como não assegurou um sistema político viável; e assim foi com o duradouro Estado Novo, um anacronismo desde o fim da II Guerra Mundial, que morreu às mãos de uma guerra quixotesca que Salazar empreendeu julgando ver nela o derradeiro fôlego de um regime que mostrava evidentes sinais de senectude.
Quanto ao regime instaurado com a Constituição de 1976, passa-se o mesmo: a incapacidade de reforma dos sistemas político e administrativo, da justiça e dos sectores sociais e de modernização do tecido económico, consequência da intrincada rede de interesses e dependências que este Estado mastodôntico teceu ao longo destas três décadas e meia - que envolve na sua apertada malha tanto o sector público, como o privado - está a condená-lo.
Não sabemos o que virá, o que sabemos - e os factos demonstram-no a cada dia de forma mais clara - é que as coisas não podem ficar na mesma, pois não podemos viver num regime cadáver.
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