segunda-feira, 4 de julho de 2011

Uma questão de justiça



No próximo dia 5 passam cem anos da morte da Rainha D. Maria Pia, que se despediu da vida no exílio, na sua Itália natal.
Apesar de ter sido Rainha de Portugal e de ter residido no nosso país durante grande parte da sua vida, os restos mortais da soberana permanecem no panteão dos Sabóia, em Turim. Durante o Estado Novo, vários monarcas falecidos no estrangeiro puderam descansar em Portugal. D. Manuel II, que morreu em Inglaterra em 1932, regressou ao seu país, onde teve funerais de Estado, o mesmo sucedendo a sua mãe, a Rainha D. Amélia, falecida em França em 1951. E até D. Miguel, um rei polémico, foi sepultado no Panteão Real dos Bragança, por ocasião do centenário da sua morte, em 1966.
Não se compreende, pois, que D. Maria Pia não tenha merecido ainda tal homenagem que se impõe, sobretudo, como um acto de justiça para com uma distinta senhora que serviu Portugal durante quase cinco décadas. Talvez tal se deva à indiferença das autoridades, talvez decorra de um certo anti-monarquismo jacobino que domina uma parte da nossa elite política e burocrática. Qualquer que seja a razão, porém, é lamentável que a consorte de D. Luis I não possa, cem anos volvidos, descansar eternamente junto de seu marido, de seus filhos e de seus netos.
A ingratidão continua a ser um defeito muito português, infelizmente.

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