segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nobre

Não sou simpatizante de Fernando Nobre, apesar dos seus méritos, que reconheço. Porém, acho profundamente irritantes e desonestas as reacções destemperadas à sua candidatura a deputado à AR, na qualidade de independente, nas listas do PSD. Os partidos são sistematicamente criticados por estarem de costas voltadas para a sociedade civil; ora, o que o PSD fez ao convidar Nobre foi precisamente abrir espaço a um cidadão não filiado. O problema é que Nobre se candidata pelo partido errado. Se tivesse aceite o convite do PS que - ao que consta - lhe terá sido formulado, toda a gente elogiaria o gesto. Porém, porque integra as listas de um partido do centro-direita, aqui d'el Rei, que o homem é um oportunista e um traidor ( traidor a quê e a quem? ).
Esquecem também - ou fingem esquecer - os críticos de Nobre, que os partidos detêm o monopólio da representação política no parlamento e que qualquer cidadão, para ter assento na casa da democracia, tem por força que integrar as listas de um partido.
Defendo convictamente a abertura dos partidos, bem como de todas as instituições do Estado, à sociedade civil, por isso aplaudo esta decisão do PSD. Espero, porém, que Fernando Nobre não seja apenas um símbolo de participação cidadã, com o objectivo de tentar esconder o peso do aparelhismo partidário nas listas sociais-democratas à AR, o que, a acontecer, faria da candidatura de Fernando Nobre, um mero gesto de propaganda à la Sócrates. Quero acreditar que Passos Coelho não irá por esse caminho.

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