terça-feira, 22 de junho de 2010

"O povo é sereno"

Rui Rio avisa que «pessoas do Norte estão à beira de se poderem revoltar»

Não acredito no vaticínio tremendista de Rui Rio. Os portugueses não se revoltam.
Salazar temia a democracia e usou mecanismos repressivos e censórios para conter a eventual ira popular. Não precisava. A experiência democrática, iniciada em 25 de Novembro de 1975, dá à frase de Pinheiro de Azevedo, que titula o post, uma dimensão quase profética. O povo português é passivo, politicamente ignaro, subserviente em relação ao poder, egoísta - sendo incapaz de abraçar uma causa que transcenda o interesse individual - e como consequência de tudo isto, é venal, sendo fácil comprar-lhe o silêncio em troca de um pequeno favor, de um empregozinho, de uma sinecura qualquer. Não dá uso aos mecanismos de protesto que a Constituição lhe garante, excepto a greve, muitas vezes usada de forma inadequada, em função, sobretudo, da agenda política do PCP, e que se transformou, com o tempo, num instrumento de uso exclusivo da função pública, perdendo, portanto, eficácia e credibilidade.
Não gosto de revoltas. Mas também não aprecio a passividade bovina que nos caracteriza e que permite os desmandos de um poder político incompetente e pouco sério.
Em suma, o povo português civicamente não existe e um povo que civicamente não existe, "é só fumaça".

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